Entrar no mercado de UGC (User Generated Content) pode ser animador e, ao mesmo tempo, confuso. Você aprende a gravar, edita alguns vídeos, monta seu portfólio e começa a ser notado. Até que chega a primeira proposta… e aí surge a dúvida: quanto cobrar por um vídeo UGC?

Essa é uma das perguntas mais comuns entre criadores que estão começando. A resposta, claro, depende de vários fatores — mas a boa notícia é que você não precisa adivinhar. Neste guia, vamos explorar o que influencia o valor de um vídeo UGC, como calcular seu preço de forma estratégica e quais são os erros mais comuns na hora de precificar esse tipo de conteúdo.

O que é um vídeo UGC?

Antes de falar de valores, é importante alinhar o conceito. Um vídeo UGC é um conteúdo produzido por um criador — geralmente não influenciador — que simula ou compartilha uma experiência real com um produto ou serviço. Ele pode ser usado pela marca em anúncios, redes sociais, sites ou campanhas de e-mail, e tem como principal objetivo gerar identificação e prova social.

O UGC pode ter vários formatos: review, unboxing, tutorial, “3 motivos para amar esse produto”, “testei por 7 dias”, entre outros. A estética tende a ser mais simples, gravada com celular, luz natural e linguagem informal — mas isso não significa que o conteúdo vale pouco. Pelo contrário: grandes marcas estão investindo cada vez mais nesse tipo de vídeo justamente porque ele funciona.

O que influencia o preço de um vídeo UGC?

Não existe uma tabela oficial no Brasil, mas alguns fatores ajudam a definir o valor justo para o seu trabalho:

1. Complexidade do vídeo

Vídeos curtos (até 30 segundos) com roteiro simples tendem a ter um valor base menor. Já vídeos mais longos, com múltiplos takes, locução, transições ou efeitos, exigem mais tempo de produção e edição — e por isso devem ser cobrados com um valor maior.

2. Número de vídeos

Se a marca pedir um pacote com 3 ou 5 vídeos, você pode aplicar um desconto por volume. Isso é comum no mercado e te ajuda a garantir mais entregas em um único job.

3. Direitos de uso

O criador precisa entender onde e por quanto tempo o vídeo será utilizado. O uso orgânico (só no perfil da marca) tem um valor. O uso em anúncios pagos, por exemplo, precisa ser negociado à parte, pois a exposição é maior.

4. Urgência

Se o cliente precisa do vídeo para “ontem”, você tem direito a cobrar um adicional por urgência — afinal, isso interfere na sua agenda e demanda entrega rápida.

5. Experiência do criador

Se você está começando, seu valor pode ser mais acessível. Mas à medida que ganha experiência, melhora sua qualidade técnica e desenvolve um estilo próprio, seu preço também deve acompanhar esse crescimento.

Faixa de preços praticada (valores iniciais no Brasil)

Para ajudar quem está começando, aqui vai uma média de valores praticados por iniciantes no UGC no Brasil:

Tipo de vídeo Tempo estimado Preço médio sugerido
Vídeo simples (até 30s) 1 dia de produção R$ 100 – R$ 250
Vídeo review (60s) 1 a 2 dias R$ 200 – R$ 400
Vídeo com roteiro + edição básica 2 a 3 dias R$ 300 – R$ 600
Pacote com 3 vídeos variável R$ 700 – R$ 1.200
Pacote com 5 vídeos variável R$ 1.100 – R$ 2.000

Esses valores podem variar muito dependendo da negociação, do nicho e do tamanho da marca. O mais importante é entender o valor do seu tempo e da sua entrega.

Como calcular seu valor: o método do tripé

Um jeito simples de começar a precificar seu trabalho como criador de UGC é pensar em três elementos:

1. Tempo de produção

Inclua tudo: brainstorm, roteiro, gravação, edição, revisões. Um vídeo de 1 minuto pode levar 3 a 5 horas de trabalho no total.

2. Custo com equipamentos e apps

Mesmo que você use o celular e edite com apps gratuitos, leve em conta sua internet, luz, assinatura de algum app de edição (como CapCut Pro, InShot, Canva Pro) e o tempo que você investiu para aprender.

3. Valorização da entrega

Aqui entra o fator “valor para o cliente”. Seu vídeo pode ser simples, mas se gerar conversão para a marca, ele vale muito. Por isso, crie com foco em resultado e use isso como argumento na negociação.

Exemplo prático:
Se você leva 5 horas para fazer um vídeo e quer receber pelo menos R$ 60/hora, o vídeo custa R$ 300. Se o cliente quer uso comercial por 3 meses, você pode incluir mais R$ 150 a R$ 300 de direito de uso.

Diretos de uso e buyout: o que considerar

Esse é um ponto que muitos criadores ignoram. Quando a marca pede o vídeo para “usar onde quiser, por tempo ilimitado”, ela está pedindo um buyout — ou seja, direito total de uso sem limite de tempo ou plataforma.

Você pode cobrar uma taxa base (ex: R$ 300 pelo vídeo) + uma taxa de buyout (ex: R$ 400 adicionais).

Outra opção é limitar o uso por tempo (ex: 3 meses) e por canal (ex: só Instagram Ads). Caso a marca queira estender depois, você pode renegociar.

📌 Dica: Sempre formalize os direitos de uso por e-mail ou contrato. Isso evita uso indevido ou além do combinado.

Erros comuns na hora de cobrar por UGC

❌ Cobrar só com base na concorrência

Cada criador tem uma estrutura, ritmo e entrega diferentes. Use referências, mas não copie valores sem entender seus próprios custos.

❌ Entregar sem alinhar o uso

Não saber onde o vídeo será usado é um risco — pode virar anúncio, campanha, ou ser redistribuído. Pergunte sempre.

❌ Baixar o preço por insegurança

Início de carreira não é sinônimo de desvalorização. Comece com preços justos para você e claros para o cliente.

❌ Ignorar contratos e prazos

Evite acordos só no boca a boca. Tenha um modelo simples de contrato, e defina datas claras de entrega e aprovação.

Como responder quando a marca pergunta: “Quanto você cobra?”

Se você ainda não tem uma tabela pronta, o ideal é responder com perguntas antes de mandar valores:

“Oi! Obrigada pelo contato. Você pode me passar mais detalhes sobre:
– Quantos vídeos deseja?
– Qual o formato ou duração?
– Onde pretende utilizar o conteúdo (orgânico, anúncio, site etc.)?
Assim posso montar uma proposta personalizada 😊”

Isso te posiciona como profissional e mostra que você tem clareza sobre o que entrega.

Conclusão: cobrar com confiança faz parte do seu crescimento

Entender quanto cobrar por um vídeo UGC é um processo que envolve conhecimento do mercado, autovalorização e disposição para negociar. Não existe uma fórmula fixa, mas existe um caminho que se constrói com prática, escuta e posicionamento.

Comece com valores coerentes com sua realidade, mas evite desvalorizar seu trabalho só para “fechar com a marca”. Um criador que cobra R$ 100 hoje com insegurança, pode cobrar R$ 1.000 amanhã com consistência, técnica e bons resultados.

Lembre-se: se a marca está procurando UGC, é porque ela reconhece o valor do conteúdo real. E o seu tempo, sua criatividade e sua entrega valem muito mais do que você imagina.

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